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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Barcos ao acaso



Só agora me dou conta
os barcos do tempo passavam
o tempo passava em braçadas
e eram veleiros perdidos

Só agora me dou conta
Só agora a mim me dou

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Declaração



Só o deserto
meu amor
sabe do meu amor
por você,
nem a cidade
com seus bichos
pousados
nem a decisão
de sonhar
ou morrer
Só o mar
com seu tremor
diário
atrelado à voz
dos que sonham
e os peixes
com as presas
do luar 

sabem

Francisco Orban

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Na quebração




Eu andei na quebração
de um sonho
quando o mar
era um horizonte
azul

Eu andei na quebração
dos dias
quando o mundo
era nossa febre


                    (Do livro de Francisco Orban-
               No País dos estaleiros)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O Poema de areia

Vejo em teu rosto
uma integridade tão bela
que a mim me pergunto
se não o guardarei para sempre
pelas estações da terra

Queria beijar-te
andar junto contigo
correr pelo corredor da noite
E contar-te que fui um menino
de vento
e que já te amava
mesmo antes de amar os navios
já te amava, quando tudo ainda
era o perfume da possibilidade
e a areia do amor
escorria por nossas mãos
nas tardes abertas
pelo sentimento de saber
que o amor estava ao nosso alcance
como os navios,a poesia e os carnavais

O que aconteceu
me pergunto?
E mudo sigo pela cidade
com a foto do teu rosto
no coração,

Um tempo sem fim
para viver sem saber
o que a febre do nosso amor
nos traria
com sua leveza
seu estado de comunhão
e alegria

Pergunto agora aos veleiros
Por que te aceno em vão, pelo mundo
E por que a mim couberam as mãos
dos que esperaram tudo?
e novamente me vejo
diante de teu rosto
de uma integridade tão bela
que meu amor te seguirá para sempre
pelas estações da terra
Como um dia, a mim seguiram
Os navios, a poesia e os carnavais

        (Do livro de Francisco Orban- Recomendações
aos sonhadores- Prêmio Cecília Meireles de poesia-
 União Brasileira de escritores-2002)



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Haras




E de que adiantem ausências
se com elas só faço canções
meu poemas são os haras
dos meus sentimentos sem fala

Palavras que são músicas



Escrever com dor
fere as palavras
que moram nos cercados
do tempo
Assim, prefiro levá-las
às tardes onde pousa a lua
Assim prefiro deixá-las
nas noites feitas de vento

Trago as palavras
que são músicas
para os silêncios
que são falas

Longe das vozes
mudas
que são muros

Andaimes das horas





Para onde iremos
sem as palavras 
do altar das ruas?

Hastes



Só no meu peito
-casebre das estações 
perdidas-
guardei as hastes
dos poemas
arrancados