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domingo, 13 de janeiro de 2013
Territórios
Esse território
não tem chão
são pontes noturnas
atravessadas
nas junções dos ossos
onde a poesia
depois de triturar
a carne
persegue seus seguidores
pela alma adentro
FRancisco Orban
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Fora dos presságios
Moro fora dos presságios. Uma lenta agonia atiça
o retorno dos versos.
Uma flora de estrelas embaçadas rege os ventos.
Cada verso guarda uma granada secreta,
como a volta de um domingo ou uma estrela
quando então eu acolho a palavra.
Não penso quando escrevo, pois seria apagar-me.
Não penso quando vivo, pois seria a morte.
Acato as leis que afloram
delas nascem lírios.
Francisco Orban
o retorno dos versos.
Uma flora de estrelas embaçadas rege os ventos.
Cada verso guarda uma granada secreta,
como a volta de um domingo ou uma estrela
quando então eu acolho a palavra.
Não penso quando escrevo, pois seria apagar-me.
Não penso quando vivo, pois seria a morte.
Acato as leis que afloram
delas nascem lírios.
Francisco Orban
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Altar dar ruas
Não foi o homem cego
que não atravessou a cidade
com as mensagens oceânicas
que ficaram por ser ditas
Não foi o topo da ilha
onde se largaram
no movimento das águas
Vidraceiro de mãos cortadas
menino ambulante com mãos de amendoim
não vendido
vendedor de cocada expulso
de seu pequeno reino
moça atirada do trem
homem sonhador morto
estatístico cansado de toda estatística
Para onde iremos depois de tudo
perambulantes das noites
entre multidões sedadas
Com os anos da inocência esquecidos
com os andaimes das horas esgotando-se
Senhor convidado para o jantar
mulher culta do olhar desolado
para onde iremos
sem as palavras
do altar das ruas?
Francisco Orban
que não atravessou a cidade
com as mensagens oceânicas
que ficaram por ser ditas
Não foi o topo da ilha
onde se largaram
no movimento das águas
Vidraceiro de mãos cortadas
menino ambulante com mãos de amendoim
não vendido
vendedor de cocada expulso
de seu pequeno reino
moça atirada do trem
homem sonhador morto
estatístico cansado de toda estatística
Para onde iremos depois de tudo
perambulantes das noites
entre multidões sedadas
Com os anos da inocência esquecidos
com os andaimes das horas esgotando-se
Senhor convidado para o jantar
mulher culta do olhar desolado
para onde iremos
sem as palavras
do altar das ruas?
Francisco Orban
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Dezembro
Dezembro não pertence mais às águas
agora é só uma notícia
uma casca da madrugada
descida da árvore do tempo
Dezembro não vem mais com o vento
e em minha pele trava embates
com as marcas de outras estações
As palavras ancoradas nas marinas
do mundo
também acolhem dezembro
Só pelo hábito
de afagar-lhe o rosto
Francisco Orban
sábado, 5 de janeiro de 2013
Cercados do tempo
Escrever com dor
fere as palavras
que moram nos cercados
do tempo
Assim prefiro levá-las
às tardes onde pousa
a lua
Assim prefiro deixá-las
nas noites feitas
de vento
...
Trago as palavras
que são músicas
para os silêncios
que são falas
Longe das vozes
mudas
que são muros
Francisco Orban
fere as palavras
que moram nos cercados
do tempo
Assim prefiro levá-las
às tardes onde pousa
a lua
Assim prefiro deixá-las
nas noites feitas
de vento
...
Trago as palavras
que são músicas
para os silêncios
que são falas
Longe das vozes
mudas
que são muros
Francisco Orban
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
No coração da matéria
Quebro a máquina de janeiro
no coração mudo da matéria
pisando estrelas e vísceras abertas
Sigo sem destino
fingindo ter destino
com a alma talhada por pedras
Mas a sombra de um menino me acompanha
diz-me ser eu mesmo antes de mim
Digo-lhe da morte das baleias e ele ri
Acendemos incensos pela noite
acudindo vaga-lumes descuidados
que agonizam no chão áspero da terra
Criamos com a areia do mar a fórmula
de salvar o mundo
usando serragem de estrelas
mas tudo é um sonho
Ele deita o rosto no meu peito assolado
por uma poesia sem dono
e diz ouvir os navios da infância
pergunta-me quem foi Gepeto
pergunta-me o que é o cansaço
pergunta-me sobre sua mãe e seu pai
sobre todos os movimentos dos barcos
que vê e me mostra no horizonte
onde eu
cego pelo hábito de viver incrédulo
não vejo o que sei que lá se encontra
Francisco Orban
no coração mudo da matéria
pisando estrelas e vísceras abertas
Sigo sem destino
fingindo ter destino
com a alma talhada por pedras
Mas a sombra de um menino me acompanha
diz-me ser eu mesmo antes de mim
Digo-lhe da morte das baleias e ele ri
Acendemos incensos pela noite
acudindo vaga-lumes descuidados
que agonizam no chão áspero da terra
Criamos com a areia do mar a fórmula
de salvar o mundo
usando serragem de estrelas
mas tudo é um sonho
Ele deita o rosto no meu peito assolado
por uma poesia sem dono
e diz ouvir os navios da infância
pergunta-me quem foi Gepeto
pergunta-me o que é o cansaço
pergunta-me sobre sua mãe e seu pai
sobre todos os movimentos dos barcos
que vê e me mostra no horizonte
onde eu
cego pelo hábito de viver incrédulo
não vejo o que sei que lá se encontra
Francisco Orban
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
TENAZ MISTÉRIO
Era um segredo escondido sob o lençol da noite densa. Um único silêncio na memória de um sonho. Era um ruído sob a surpresa de pássaros, tenso alvoroço espalhado sobre o grande e tenaz mistério que lhe envolvia a vida. Pois ela chegava tão convicta de tudo, arrumada em sua graça feita de toques mundanos, que foi a princípio inimaginável vê-la despedindo-se.
Ausente, se fez tão presente em tudo, que os meninos autuados pelo enigma caíram extenuados. Era o início da longa encantação.
Francisco Orban
CANÇÃO ANTIGA
Por muito menos guardei em mim o mar. Com as juntas dos ossos partidas, refiz-me pouco a pouco das palavras de ordem de uma canção antiga, que falava do esperar. Não sobrou muito depois. Uma vez despojado desses versos, descobri que a encantação me alimentava. Entre as hordas de um país feito de noite, a encantação fora um guia não muito prático para as coisas mais próximas da realidade.
Hoje, irmanados, nesse ônibus parador, que caminha sem nenhum mapa por um país chamado mundo, penso nesse roteiro vagabundo, do qual não guardei cópia. Lá fora, um horizonte de águas cerca e toma as últimas cidades de nossas biografias. As mesmas cidades em que um dia fomos invencíveis, quando portávamos em nós a força do touro e a magia dos que se alimentam de transes, como uma manada de sonhadores, em harmonia com seu rebanho.
Francisco Orban
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