Poesia Brasileira Contemporânea Francisco Orban
Total de visualizações de página
quarta-feira, 25 de abril de 2012
Semelhança
Sim parecia o poema que eu buscava
arrancado das vísceras da noite
encharcado de estrelas incautas
torrado no lodo do tempo
sob o vento insano do momento
Francisco Orban
No dorso dos ventos
A razão retem do mundo
os seus calcários momentos
as horas se vão e vem
no dorso brando dos ventos
Francisco Orban
segunda-feira, 23 de abril de 2012
poemas doados para o mar
Aqui estão os poemas
que para o mar serão levados
Dos caminhos que encontrei
Estes foram os revelados
De ser rei pelas palavras
de ser pelas palavras arado
Aqui estão os poemas
que para o mar serão doados
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Encantado
Encantado
não era o lugar
encantado
era eu
As hastes
Só no meu peito
-casebre das estações perdidas-
guardei as hastes
dos poemas arrancados
A Foto do teu rosto
Olho a foto do teu rosto
Aqui a noite não deixa marinas
só um velho cais abandonado
onde os barcos sobre as águas
rangem roucos
Olho a foto do teu rosto
aqui nesta noite abandonada
onde as águas e os silêncios
rangem ao nada
Arados do tempo
Vínhamos de velhos territórios
verbos áridos nos seguiam
E alamedas de silêncio
se refaziam na noite
entre os arados do tempo
e os cães cegos da aurora
e as vozes dispersadas
dos combatentes sem rosto
Diante da noite
Diante da noite clara
e seus tapumes de estrelas
prossigo pela quarta-feira
entre incertezas e águas
Em minha agenda de bolso
meus caminhos sem retorno
Dentro da noite clara
com seus vaga-lumes errantes
prossigo
como de costume
e a noite me norteia
Na carne da vida
Palavras emergem
do açude do corpo
E as sigo
para que soltas do visgo da noite
tornem-se o pão do mundo
Não há descanso
Até que pousem na carne da vida
na música da vida
na foz dos acontecimentos
Visão do mundo
Ela que vinha com as palavras do mar
e que trazia os signos da tarde
soube me olhar
dizendo que me queria
e que em meus olhos via navios
e canções de antigos mares
Ela que
tão linda
quis comigo namorar
encostou sua mão na minha
Agosto caía sobre a tarde
cães cegos confrontavam
o acaso
e nós quase selvagens
vimos nascer o dia
Laje da madrugada
Na laje da madrugada
cumpro o poema
roto feito minha vida
já passada por tantos caminhos
E das calçadas da alma
o poema luta para nascer
não feito ente mas um ser de asas
e muitas madrugadas
por percorrer
Na laje da noite esculpo o poema
áspero
como eu que o habito
e que ele refaz todos os dias
E com o poema
tenho de novo
a procuração dos navios
a rota de janeiro
e o gosto de renascer
Minha alma
Minha alma
foi retirada do mar
depositaram na areia
Trouxeram flores
Os búzios das águas
até um
beijo
de sereia
Perdidas as preces
fizeram-lhe o gosto
Aqui, as frutas do mês
de agosto
Passado o tempo
de tudo se fala
Menos do sal
da noite inteira
Minha alma agora quer ser
do mar
rever antigos mariscos
roçar nos velhos navios
cair em silêncio profundo
desintegrar-se do mundo
Contraponto
Não sejas tão perene
pois esta vida se alimenta
de ti mesmo
e tua mesa posta é só um breve vento
a abrir janelas e fechar portas
Não sejas tão perene
que esta vida que te foi imposta
de ti mesmo tem apenas
o semblante
com o qual encenas
arremedos
Não sejas tão perene
que desta vida que te foi
tirada
ficará aqui
muito pouco
e nem o pó
guardará tua
mágoa
Noite inacabada
Noite inacabada
Vendo na feira
Dezembros e quartas feiras
Trazidos do território
Da grande noite
inacabada
Do livro Sobrado das horas
quinta-feira, 5 de abril de 2012
O caminho da extinção
Extinção
O caminho da extinção não dispersa os navios,
que nesses mares coabitam como os homens.
Com seus caminhos
quebrados,
sob o convés
do abandono. O corpo de um navio
quando morre é triste, porque já não navega com
seu sonho. E
agora,
com seu tombadilho
adernado, recosta sua alma náufraga. No assoalho
do nada velejando.
Francisco Orban
Postagens mais recentes
Postagens mais antigas
Página inicial
Assinar:
Postagens (Atom)