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quarta-feira, 27 de julho de 2011

No Coração da Matéria



Quebro a máquina de janeiro
no coração mudo da matéria
pisando estrelas e vísceras abertas
Sigo sem destino
fingindo ter destino
com a alma talhada por pedras
Mas a sombra de um menino me acompanha
diz-me ser eu mesmo antes de mim
Digo-lhe da morte das baleias e ele ri
Ascendemos incensos pela noite
acudindo vaga-lumes descuidados
que agonizam no chão áspero da terra
Criamos com a areia do mar a fórmula
de salvar o mundo
usando serragem de estrelas
mas tudo é um sonho
Ele deita o rosto no meu peito assolado
por uma poesia sem dono
e diz ouvir os navios da infância
pergunta-me quem foi Gepeto
pergunta-me o que é o cansaço
pergunta-me sobre sua mãe e seu pai
Sobre todos os movimentos dos barcos
que vê e me mostra no horizonte
onde eu
cego pelo hábito de viver incrédulo
não vejo o que sei que lá se encontra

                                             

terça-feira, 5 de julho de 2011

Fora dos presságios

                               
Moro fora dos presságios. Uma lenta agonia atiça
O retorno dos versos
Uma flora de estrelas embaçadas rege os ventos.
Cada verso guarda uma granada secreta, como a     
Volta de um domingo ou uma estrela
quando então eu acolho a palavra.
Não penso quando escrevo, pois seria apagar-me
Não penso quando vivo, pois seria a morte.
Acato as leis que afloram
delas nascem lírios.

                                     Francisco Orban


segunda-feira, 4 de julho de 2011

O outono tem uma sinfonia

                                         


O outono tem uma sinfonia
O vejo  com o olhar
dos que sonham,
para o outono nasci
mas me perdi
de sua aventura.
Não o acho na noite
que construí
não o acho
no advento do verbo
nem no dorso
das canções belas
Para o outono nasci
mas o perdi
no córrego das ruas
e isso deixou sequelas
e deixou-me
o silêncio dos pescadores
que tangeu
de mim meus navios
dizem que para a lua