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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ombro a ombro


 

Navegaremos por cidades perdidas
Com o barro inesperado dos dias
faremos o inventário do outono
Olhando as estrelas a velar nossos sonhos
resistiremos

E ombro a ombro com nossas vidas descalças
inventaremos nas calçadas da noite
o escape do nosso degredo

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Face secreta

                                                                        francisco.orb@oi.com.br
Lido com a face secreta do mar
Aqui as pedras secam sob o outono
A sombra de um poema fica
como saga de navegações
A cerração do verão sobre as certezas
A pele da aventura
sobre  o corpo
da noite

Lido com o hálito
de uma estrela
e seu sentido
a iluminar
meu rosto

Breve escultor

Por ser um sonhador
quebrei o rio das falas
onde tudo se dizia

envolvi-me com o grande
país do nada
onde o mar das horas
navegava

Imputei à noite
as normas de outra pátria
a poesia como saber sinfônico
Fui um breve escultor
do mundo
imbuído de solidões
gráficas

argüi silêncios
para, a sós com as palavras,
       profaná-las

Minha namorada

Minha namorada
tem cabelos e silêncios
pele de porcelana morena
dilemas abertos
no seu corpo

Minha namorada
tem o sexto sentido
peitos apontados
para o meu delírio
De noite    
ela pisa
nos embriagados
distantes da terra

quinta-feira, 23 de junho de 2011

VELEIROS



Se os veleiros não nos seguirem
mais pelo mundo
outras palavras nomearão
as coisas
Uma velha roupa de madrugadas
não terá mais sentido
e o vínculo com os sonhos
estará desfeito

Mas o que impediria
os veleiros
de permanecer
tão janeiros
em suas vigílias
de brancas velas
no mar amarrotado
de ventos ?


quarta-feira, 22 de junho de 2011

Outras mãos





Esquece as palavras que invento
meu amor
Amanhã, outras mãos
abrirão tua blusa
tua carne
Nada teremos
a favor de nós
Eu que te elegi
no dorso de um poema
que a noite me assegurou
com seus navios
-costeados no horizonte-
Esmurro agora o nada
que me reserva o tempo
a indiferença da tua boca
Porque é o tempo
com seu crepúsculo
o que nos aparta
Para longe  do aroma
do teu rosto

Casebre das estações

       
          Só no meu peito
—    casebre das estações
perdidas¾
guardei as hastes
dos poemas
arrancados

terça-feira, 21 de junho de 2011

              

Sob o vento

 


Sim parecia o poema que eu buscava
arrancado das vísceras da noite
encharcado de estrelas incautas
torrado no lodo do tempo
sob o vento insano do momento

terça-feira, 14 de junho de 2011

                    



 

DEZEMBRO

Dezembro não pertence mais às águas
agora é só uma notícia
uma casca da madrugada
descida da árvore do tempo

Dezembro não vem mais com o vento
e em minha pele trava embates
com as marcas de outras estações

As palavras ancoradas nas marinas
de março
também acolhem dezembro
Só pelo hábito
de afagar seu rosto


terça-feira, 7 de junho de 2011

As Palavras

                 
                                                            francisco.orb@oi.com.br


                 No alambrado do nada

                 vejo as palavras passando

                 sem os percalços do tempo

                 leves como as aramos