Há muito que o mar me trouxe como pele suas algas Os ventos batem afoitos nos cascalhos do meu rosto Movido por um deus mudo sigo atento pelas dunas do areal que ficou do que um dia foi só água Há muito que o mar deixou-me como saga seus navios e suas escunas brancas com as tarrafas da esperança Das coisas do mar e do mundo eu sou tecelão e causa catando búzios do mar como acordes espalhados neste areal de silêncio onde estrelas fazem pausas