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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Mero remador







Quisera eu
que sou um mero remador
ter o poder de enfeitiçar
as palavras
Elas sim me chegam
do nada
e se refazem plenas
na palma
do poema

Não transmuto
as palavras
desato-as
de suas ciladas

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Fada urbana




Fada urbana da madrugada
chegue à janela
me afague com sua boca
me chame
E eu lhe mostro as mãos feridas
pelas estrelas da noite
e você me mostra
o que ficou
das lendas e das
algazarras



 Do livro "Sobrado das horas"

             de Francisco Orban

Redes de vento






As palavras pelo mundo
eram puro movimento
A cada momento as buscava
com minhas redes de vento
A cada instante partiam
como   pássaros ao nada
mas para mim retornavam
num movimento crescente
Voltavam como cardumes
ou mesmo  como matilhas
de coisas a serem ditas
Pousavam sempre inocentes
na noite feita de águas
com seus lumes e semblantes
no colo da madrugada

                   Do livro "No País dos estaleiros" de Francisco Orban

Mundo que se basta




O mundo que se basta
em mim
não é o que eu imaginava-
Eu iria mais longe
nos meus navios

Mas o mundo que se basta
em mim
é o meu legado:
a lembrança dos ciganos
as vidas sem sobrenome
os inventários abertos

As lendas das almas
retalhadas
nas palavras dos meus versos


          Do livro de Francisco Orban "Sobrado das horas"

Realejo






Cada pessoa guardará
desta noite
Um bilhete com a música
de um realejo
Mas nada se sabe
se o bilhete é a senha
de um sonho
ou se esta noite
é o grande estuário
de um plano oculto
a que chamamos
Mundo

ebooks Francisco Orban





 O Aparador de sonhos 




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Encantado




Encantado 
não era o lugar
encantado 
era eu

Outras mãos




Esquece as palavras que invento
meu amor
Amanhã, outras mãos
abrirão tua blusa
tua carne
Nada teremos
a favor de nós
Eu que te elegi
no dorso de um poema
que a noite me assegurou
com seus navios
Esmurro agora o nada
que me reserva o tempo
a indiferença da tua boca
Porque é o tempo
com seu crepúsculo
o que nos aparta
para longe  do aroma
do teu rosto

Profecia


´

Quando voltar janeiro

e os versos escondidos pelas palavras

banais renascerem

nos acharemos por fim

com as mãos pousadas

sobre o açude das certezas

e novamente sob a imensidão

o nosso amor terá

mar  e chão


Nossas mãos





Só a palavra não basta

para expressar um verão

Falta da água

os seus corredores

salinos

Falta do mar

o seu país azul

em nossas mãos suadas

egressas de um sonho

Nacos






O naco deste Outono
seria a senha de um sonho
embora a noite o tenha
para os planos submersos
de outra estação

A noite o tem
para ostentar a imensidão
sem a pulsão contra a qual
se batem as aves e os andarilhos
de outro amanhecer

O naco deste Outono
é o que trago nas mãos

Jornada





Por ter a imensidão como jornada
mas não as mãos para abarcá-la
abstive-me de ser seu remador
no barco adernado dos acasos

Por ter a imensidão como empreitada
mas não os arreios para lhe dar
prumo
abstive-me de ser seu navegador

Agora sigo mudo
com uma velha mochila abarrotada
de claridades do mundo

             Do livro "No País dos estaleiros" de Francisco Orban

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Tradução



Um homem 
não trai seu sonho
nem o deixa
sem o abrigo
da tarde

Assim o tem
como vestimenta
que não o deixa mentir
que o resgata 
do abate

Um homem traduz 
seu sonho
na sua forma
de cumprir a tarde

Como se sonhar
fosse só um ato
e não um difícil
encargo

              Francisco Orban