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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Casca




Alagados do destino
o mundo que não é de todos
no rosto de um menino

De pés descalços
no agora
nas palafitas das horas

Definhando sem poesia
até tornar-se só casca
do que a claridade
prometia

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Migrações

Aqui passaram 
as grandes migrações
como do mar as aves
de seu tabuleiro azul
Do mar vi vidas de areia
revoarem sonadas
de suas províncias de águas

Do mar veio isso que nos fala
essas jangadas de vento
Dele guardo as rotas dos navios
e as redes abandonadas
dos navegadores cegos


sábado, 13 de junho de 2015

Morre Fernando Brant





"Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito"
Um dia triste  para a poesia
Morre Fernando Brant, um dos mais importantes poetas
da minha geração. (Francisco Orban)

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Longe das estrelas





As palavras que agora nos separam são as mesmas que um dia usamos ao andar de mãos dadas, no nascimento do mundo. Longe, longe das estrelas, aqui estamos sem mais o que dizer, já sem as palavras, que um dia foram os primeiros passos e acalantos que te encantavam e que retornavam a mim, através de teus braços.  Agora, só o áspero silêncio enlaço e ele me devolve o mesmo roteiro de estrangeiro, de onde  parto novamente para outro cais, além dos mapas náuticos, para outro cais, além dos mares e da noite e da desventura de te perder.

terça-feira, 2 de junho de 2015

Indumentária




Com os ditames do mar
me visto
e trajo a indumentária azul
de seus desígnos

Casca da claridade


 

Se tirar da claridade 
a sua casca
surgem as palavras
que escapam do outono
quando não adestradas


Pois os poemas são orações
para adormecer as crianças
e lembrar aos homens
que as tardes 
são como canções breves

Os poemas são pássaros
de claridade
que carregamos
nos bolsos da alma