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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Caminhantes

Caminho com o escalpo
da noite
na pele de um país
sem memória

solar

O sol dos cosmos
na carne viva
Caminho
com as costelas
quebradas
de outra vida

Sussurrantes

Um dia achei as palavras
em um país à
deriva
A noite se debatia
nos intercílios
da aurora

O que é agosto
é agosto
sussurravam
as palavras

Fora dos favos
das horas

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Sob as estrelas

Vem, que eu quero arrancar a febre do teu desejo
e te dar com uma das mãos um rio e com a outra
um beijo. Vem, que eu quero te oferecer o caminho
dos vilarejos de vento e te levar para os navios
do amanhã e transformar a tua dor em algodão doce.
Pois, aqui, onde estou sob a noite desabada, só pros-
sigo porque vou no lombo dos poemas, que passam
por estradas que vão dar no caminho do sol.
Fica comigo nessa noite de estrelas e águas, onde
eu recolha as folhas secas dos poemas e com elas
faça um leito para ti.Uma migração de estrelas azuis
pousará em teu rosto. Uma multidão de pequenos
seres vindos dos confins da terra fará vigília em torno
de nós e assistirá nascer uma nova serenidade em teu
rosto

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Mercado

Vendo na feira
dezembros e quartas-feiras
trazidos do território
da grande noite
inacabada

Navegadores

Eis a prova de que dezembro
antecedeu o mar
e de que navegamos errantes
num mundo
que antecedeu
os nomes

Por isso o ar de navegador
constrito 

Por isso
a musculatura
dos que sonham

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Longe das estrelas

As palavras que agora nos separam são as mesmas
que um dia usamos ao andar de mãos dadas, no nascimento
do mundo.Longe, longe das estrelas, aqui estamos sem mais
o que dizer, já sem as palavras, que um dia foram
os primeiros passos e acalantos que te encantavam
e que retornavam a mim, através dos teus braços.

Agora, só o áspero silêncio enlaço e ele me devolve
o mesmo roteiro de estrangeiro, de onde parto novamente
para outro cais, além dos mapas náuticos, para outro cais
além dos mares e da noite e da desventura de te perder

domingo, 21 de setembro de 2014

Fada urbana

Fada urbana da madrugada
chega à janela
me afaga com a tua boca
me chama
E eu te mostro
as mãos feridas
pelas estrelas
da noite
e tu me mostras
o que ficou
das lendas
e das
algazarras

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Terras do coração

                        

Quando eu envelhecer
e os versos forem só minha pousada
já não andarei na terra para lutas
mas para plantar  palavras
Quando envelhecer
guardarei teu rosto
que é o navio da minha alma
entre as samambaias do tempo
que o tempo também tem safras
onde colho meus poemas
que crescem a cada estação
assim como te colho
a cada dia que passa
nas terras do coração

Canoas

...Os barcos a vela seguem
nas mãos do mar adernados
Há rios que só navegam
por baixo de mares e terras...

Estações

Há muito 
se foi a estação
da infância
assim como se foi
janeiro
que em mim fez pouso
passageiro

Foi-se com seus sinos
de menino
Nas mãos o revoar
dos seus murmúrios

Sempre emigrante
e andarilha
pelos caminhos
do mundo




Perambulantes

Guardei a memória
do planeta
que me diz
que um sonhador
não tem retorno

Guardei a cultura
dos países
da lembrança

E no coração
um sonho
perambulante