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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Navios do mar

Navios do mar
recostados no movimento
da tarde
Quantas vezes contemplei
seus destinos
Enquanto o vento da paisagem
sobre outubro e seus verbos
folheava as rimas do improvável


Há quem me traga
agora
seus caminhos sem costados
A tese de seus passageiros cegos
o mapa de seus mundos submersos
Enquanto eu
refaço em mim
o percurso de seus visionários
As dunas dos aquáticos
diálogos
que ficaram nos caminhos
do mundo

Navios de vento

A palavra é recurso
escasso
mas se alimenta
de quintais
e eu me alimento
das palavras
que não cabem
na vida imposta
com seus navios
de vento
adernados nas horas

Apetrechos

Velejo pelo avesso de um sonho com os apetrechos do que resta, vindo do convés de um Outono. Velejo pelo avesso dos versos e ponho sobretudos e gravatas e sob as estrelas da noite acolho palavras calcinadas.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Quase alegorias

Advém do canto das sereias
estas vidas quase alegorias
A noite molhada pela
chuva
a máquina de sonho
da noite
acalenta nosso sono
de animais detidos
de guerreiros
imolados

De manhã, acordamos
funcionários

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

33 poetas

33 poetas

Éramos 33 poetas
apesar das falhas do céu
dos talhos no chão da carne
Amontoados sob o silêncio
das tardes com gomos de chuva
por cima da morte das baleias
e do jasmim
dizendo que assim era o plano
que ninguém morreria
no Outono
33 poetas
Como Cristina Maria
que tinha cheiro de hortelã
e maresia
e pele morena de porcelana
33 poetas
Assim como Luiz Carlos
batalhando no sol de São Gonçalo
ferido nos inúmeros sobrados
que trazia em si e não sabia
33 poetas
esperando a polícia todo dia
fosse inverno verão ou primavera
Isso num tempo distante
quando eu ia correndo
pelas ruas
e o tempo estava estancado
não era como agora
hemorragia de aurora
Éramos como Edgar
- caçador de balões -
herói como todos nós
que sabia subir em jaqueiras
e nunca pensou
que iria enlouquecer
33 poetas
como Janda em Salvador
falando da guerrilha perdida
da adolescência perdida
de todas as coisas que não iam
mais dar certo
apesar do mistério da Bahia
em plena terça-feira de carnaval
no verão da anistia
Éramos 33 poetas
como Odemir
que escreveu um poema assim:
Marta, um homem não é um trombone
Assim éramos tantos
voltando do exílio
falando dos canaviais
e das lutas pela vida e pela paz
numa avenida paulista
corrompida de carros
Éramos 33 poetas
apesar do tempo ser um animal solto
a máquina de quebrar encantação
que antes não quebrava nada
mas hoje me quebra os dentes
e a cartilagem do rosto
Se desse para fazer girar a máquina
escreveria um conto
entre plantas e algas de sol
Ergueria nas paredes brilhantes
blocos de ventanias sumidos
e beberia contigo
nas fontes nas águas nos vinhos
nas cidades sem tempo
nos horizontes abertos
com a pele chamuscada
de marítimas vertigens
e perigos
Onde está Luiz maranhão
desaparecido
ninguém sabe
ninguém responde
Havia uma bota no caminho
havia o cheiro de cilada e sonho
sobrevoando São Paulo
milharal de luzes
diamante aceso
na noite perdida
de 1974
Éramos 33 poetas
em Santa Teresa
longe da Avenida São João
do petróleo queimado
e das vidas queimadas inutilmente
nas ruas escuras
nos planos nefastos
onde baniu-se para sempre
a realidade e a ternura
Éramos 33 poetas
com planos na terra
com as almas brandas
e as noites soltas
mas não sabíamos
que um vendaval espalharia
os nossos versos
as vozes as cópulas
músicas sobrariam no ar
o tempo uma rede blindada
faria apagar da memória
os tratados das noites mornas
como se isso fosse possível
e Edgar ainda subisse em jaqueiras
Ernesto tomasse a sua cerveja gelada
Cristina com seu hálito de fada
o tempo com sua malha de máquinas
telha frágil nó desatado
não revelou sua face aguada
só disse o seu lado concreto
que não vai dar no mar
mas no deserto
e assim se proclamou
súdito da cidade
senhor da dor e da saudade
Embora no calendário do dia
eu não vejo o último verão
sinto os 33 poetas
com seus violões velhos
e gastos
tomarem de assalto
o dia
2

Paraty

Paraty Naquele momento, olhando o mar com seu dorso amarrotado pelo vento, restabeleci novamente meu diálogo com esta cidade e seu passado. Paraty era então um lugarejo perdido de onde escoava o ouro. Suas igrejas loteadas dividiam seus habitantes: uma era para os senhores, aquela para os mulheres brancas, esta para os mestiços e negros escravos Num mundo injusto e segregado, a cidade era assim repleta de insetos peçonhentos e de dejetos atirados nas ruas, sobre as calçadas de pedras trazidas de Portugal por seus navios. Pedras que não foram tantas quanto as de ouro retiradas pelos homens negros e expatriados, que como escravos, também foram de suas vidas arrancados. Assim, chegamos do futuro a esta cidade pousada no azul como uma nave de luz no chão do mundo, toda feita de leveza pelos poetas que a restauraram e a reinventaram. Estes que foram os que possibilitaram a sua permanência, como se encontra, assim como seus fundadores que um dia conspiraram para que ela existisse assim como uma pétala. E desta maneira a vemos, com os nossos olhos transmutados pelo hoje, na ilusão de que Paraty de alguma forma tenha sido sempre esta que agora vivenciamos. É que, naquele mundo brutal, suas paredes foram erguidas como são e talvez ela existisse assim, como veio a se tornar, posto que embrionariamente, já existia no coração dos homens. Francisco Orban

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Infância

Trago a guerra
da infância
outros trazem estrelas
do passado
Trago esta guerra
perdida
Tão avesso às palavras
que hoje
são meus amores

Mar revolto

Há muito que eu lanço ao mar

os caroços de um desgosto

E eis que o mesmo mar

os trazem  de volta


Voltam sempre

como búzios

ou cascalhos


Há muito que replanto manhãs

sem este gosto

mas algo como vendaval

ou mar revolto

tudo estorna

Extinção

Outubro está solto. Entre as unhas, a pele do teu rosto. Também as garrafas que joguei ao mar não voltaram com o teu nome em um velho verso. Não voltaram e fizeram deste ato um jeito de navegar. Também naveguei de mim. Para longe do que sou e do meu amor por ti. Para os territórios da renúncia, onde moram tantos viajantes. Isso me soprou um dia o mar, através de um de seus mínimos seres. Um búzio expelido das águas, com sua caixa de música, que ainda levo aos ouvidos, a sussurrar você

sábado, 18 de janeiro de 2014

País inventado

Um dia sairemos na noite
os versos serão plantas abertas
os passos, claros caminhos
e com a visão dos meninos
deitaremos sobre um grande
país inventado

Sairemos na noite
entre  violinos
e nossos sonhos e 
pergaminhos
serão refeitos
num pátio
afagado de sol


País de vento

    
     
     Setembro
     e  suas cidades de vento
     e ruelas sem escapatória
     Caminho com o escalpo
     da noite
     na pele de um país
     sem memória

Setembro 

Bala Perdida ( Lição Severina)


                                       

A bala é um ser quase mudo
mas se cumpre num estampido
ferindo seres e falas
e a harmonia do mundo

A bala com seu plano sujo
não faz concessão a nada
resvala  pela madrugada
mas só para abrir uma vala

E a madrugada que a acolhe
que afaga vento e estrelas
não sabe que ela é em si
um erro da natureza

Da natureza do homem
que a produz e consome
que a adestra e a solta
como cachorro sem dono









sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A tua presença

Porque estive em tua presença
as águas do pensamento nasceram
Porque beijei tua boca
a canoa das horas parou
Porque era o mar e o sol
sob a chuva e o vento
Porque um abismo sem palavras
cessou com teu abraço sereno
Porque  amanheceu quando tu chegaste
até que uma  lua gigante
pousou  nos ramos da tarde

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Constatações



Não fomos jovens
e não mais seremos
Mas um dia foi janeiro
nos longos  braços
do vento
Um dia fomos rios
vorazes nos ramos

do dia

Trama

Tramas contra o nada
que te ronda
a mínima claridade
de utopia
mas tua alma
só encontra
o vento

O vento
e suas noites
longas

Silêncio em punho




Trazer as palavras 
não ditas
para a luz
do dia
é tarefa árdua
que sempre requer
um semeador
de mares
e horizontes

Um homem
ou mulher
com o silêncio
em punho

para com ele
gerar
a encantação


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Alumbramento

Eu me quedo
com os ossos fatigados
e as palavras mordidas
entre o hálito das fadas

E o silêncio atenuado
pelo cantar dos pássaros
que estronda e se esvai
no horizonte

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Altar das ruas

Não foi o homem cego
que atravessou a noite
com as mensagens oceânicas
que ficaram por ser ditas

Não foi o topo da ilha
de onde se jogaram no tumulto
das águas

Vidraceiro de mãos cortadas
menino ambulante com mãos
de amendoim não vendido

Vendedor de cocada expulso
do seu pequeno reino
Moça atirada do trem
homem sonhador morto
Estatístico cansado de toda
estatística

Para onde iremos
depois de tudo
Perambulantes da cidade
entre multidões sedadas
Com os anos da inocência esquecidos
com os andaimes das horas esgotando-se

Senhor convidado para o jantar
mulher culta do olhar desolado
Para onde iremos
sem as palavras
do altar das ruas?



Marina


Não é porque  vivemos
Marina
dentro de um país
sitiado
que esqueceremos
a luta
Nem dos versos itinerantes
nem dos bancos das praças
onde dormíamos
porque não havia mais
endereços

Não é porque caímos
neste cotidiano das palavras
que esqueceremos
do espírito do mundo
pregado na pele

Quando o mal era o silêncio
ao longe
E o bem uma canção
sem versos

Como um astronauta

Se alguém perguntar
escreva nos versos
que vivi
Pois tive a utopia
em mim
bailei cada palavra
amarga
despetalei o mundo
como um astronauta
e desapareci

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Homem do mar

                             

Sou um homem do mar
e por isso velejo
num navio
sem rumo

Num navio de velas
tecidas de sol
e outonos dobrados
emprestados do mundo

Sou um homem do mar
que espanta os
cansaços

Para acordar
e se pôr
a serviço das águas


Noite



Que ordem é esta noite e seu cansaço?
Nem a vasta palavra aquece
e todos os meus versos são mormaços
na grande  agonia que se ergue

Que noite é esta noite sem terraços?
São sombras e murmúrios suas horas
e tudo é o patíbulo do nada
em sua correnteza que se alastra

Que cais é esta noite sem marinas
a deitar a escuridão que ensandece
e que naufraga o sono dos poetas
das mulheres e meninos ao acaso


Foz dos acontecimentos



Palavras emergem
do açude do corpo
E as sigo
para que soltas do visgo da noite
tornem-se o pão do mundo

Não há descanso
Até que pousem na carne da vida
na música da vida

na foz dos acontecimentos

domingo, 12 de janeiro de 2014

CONTRAPONTO




Não sejas tão perene
pois esta vida se alimenta
de ti mesmo
e tua mesa posta é só um breve vento
a abrir janelas e fechar portas
                      
Não sejas tão perene
que esta vida sempre ensaiada
de ti mesmo tem apenas
o semblante
com o qual encenas
arremedos

Não sejas tão perene
que desta vida quase usurpada
ficará aqui
muito pouco
e só a palavra
será para ti
enseada

Caule das canções







Guardo no caule 
das canções 
caladas
um sonho antigo
feito de enseadas

Guardo no caule
das canções
cantadas
a luta de muitas

jornadas

sábado, 11 de janeiro de 2014

Tua alma

Tua alma
foi retirada do mar
e recostada na areia
trouxeram-lhe os vinhos
da terra
Até um beijo de sereia

Perdidas as preces
fizeram-lhe o gosto
Aqui as frutas
do mês de agosto

Passado o mar
de tudo se fala
menos do sal
da noite inteira

Tua alma agora
quer ser do mar
Rever antigos mariscos
roçar nos velhos navios
Cair em silêncio profundo
desintegrar-se do mundo

                                          " Do livro de Francisco Orban
                                           Cesto das canções com pássaros.
                                           Ed Leviatã - Venda - Estante
                                           Virtual"

Navios

"Durante muito tempo quis ter a consistência
dos navios. Não os reais, mas os que navegam
 na mente. Já que achei que o mundo é apenas
um acidente de percurso, dei aos meus navios
um mar acidentado, para que pudessem velejar
sob as escarpas das águas e destinos. Também
lhes ensinei a língua dos horizontes para que
pudessem atravessar o caos do mundo sob a lua
e também um mapa medieval para que chegassem
aos mares dos sonhos. Durante muito tempo
meus navios tiveram um intrigante semblante.
Pareciam monumentos móveis em suas marinas
distantes, a tocaiar aves ribeirinhas..."


             ( Do livro de Francisco Orban
              Leilão de acasos, ed Garamond
              à venda no site Estante virtual)

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

1975

       As ruas   de   desespero
e lembrança
e os sinos tocando ao longe
A cidade nas mãos
do inimigo
e os duendes nas almas
dos bichos
As ruas de desespero
e lembrança
onde fomos tantos
e tão poucos
onde o gado foi morto
e deu-se a festa
sob um rio de risos
e sangue

        Sob as luzes
das cidades sitiadas
a oferta era o corpo e  a alma
e comprados eram muitos
e tantos
os que foram interrogados
nos hospícios
       nos porões desconhecidos
do esquecido
onde jazem  os sonhadores
caídos
       na noite chamuscada
de imprevistos
As ruas de desespero
e lembrança
a cidade sitiada
e em festa
vinho e sangue
confete e farpa

                                                              


Extinção

Outubro está solto. Entre as unhas, a pele do teu rosto. Também as garrafas que joguei ao mar não voltaram com o teu nome em um velho verso. Não voltaram e fizeram deste ato um jeito de navegar. Também naveguei de mim. Para longe do que sou e do meu amor por ti. Para os territórios da renúncia, onde moram tantos viajantes. Isso me soprou um dia o mar, através de um de seus mínimos seres. Um búzio expelido das águas, com sua caixa de música, que ainda levo aos ouvidos, a sussurrar você. 

Bea





                                                   Para Maria Beatriz Colapietro 

O mistério da tua morte

mora aqui

nesta cidade de luzes

onde as águas e as marinas

não falam da tua passagem

Em vão te busco nas ruas

mas elas não me devolvem

as ramagens do teu sorriso

Estiveste aqui sim

quando o mundo era imprevisível

E andávamos na cidade

no delírio das ruas

nos amando sem criar raízes

quando as tuas mãos eram um cais 

e as minhas faziam ensaios

no teu corpo


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Soneto do esquecimento

                  Soneto do esquecimento


Em caminho do mar navego desatento
tatuado pela espera e pela lua-sujeito
sem o abrigo do tempo ao rigor do momento
vou pelo mundo pernoitando no que sinto

Minha mãos se crispou num divagar conciso
calejada no chão marinho onde me invento
Seres de noite tramam a trilha das cigarras
para exaltar na luz poetas esquecidos

Com os ditames do mar e seu absinto remo
trajando a indumentária azul dos seus desígnios
sob as asas e o signo infindo de uma espera

Trago comigo a trama enorme do alarido
do mar que se prepara e calmamente aguarda
para os vencidos reis a festa que se orquestra


                                Francisco Orban

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Longe das estrelas

As palavras que agora nos separam são as mesmas que um dia usamos ao andar de mãos dadas, no nascimento do mundo. Longe, longe das estrelas, aqui estamos sem mais o que dizer, já sem as palavras, que um dia foram os primeiros passos e acalantos que te encantavam e que retornavam a mim, através de teus braços. Agora, só o áspero silêncio enlaço e ele me devolve o mesmo roteiro de estrangeiro, de onde  parto novamente para outro cais, além dos mapas náuticos, para outro cais, além dos mares e da noite e da desventura de te perder.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Pousadas



De um barco
se faz leme
Seu verso
é a ventania
Mas de um poema
se faz casa
e se mora
nos dias sem pouso

Pedra

A pedra com que se desfaz
um sonho
não é da mesma
matéria,
com a qual se  refaz
o homem
A pedra
que não contempla os
veleiros,
não serve
em seu caminho
de vento 

domingo, 5 de janeiro de 2014

Você

                

Porque eu te amo
brilha um estrela
no meio da Primavera

Como se tudo fosse
ensaio
e só você estreia 

Elisabeth

Por que o amor tem tantas palavras
quando deveria ser só um rio?
Por que tantos tratados
quando tudo deveria ser só
o incêndio doce dos teus braços?

 ( Do livro de Francisco Orban
              Terraço das estações
              à venda no site Estante virtual)

Este Terraço

Trago a vivência
marinha
das noites adversas
debruçado sobre
este terraço
perpassado
pelo mar

Trago os
anzóis das mãos
molhadas
enquanto pássaros bicam
o olhar  dos sonhadores

Trago a cara presidiária
e uma  flor mínima
no coração
largada sob o luar


sábado, 4 de janeiro de 2014

Pele da aventura


Pele de aventura e ventania
o horizonte abraçado à estrada
E as lembranças nas mãos pousadas
senhoras e donas do mundo

Maresia


A  maresia do mar

é o que fica

nesta febre

em que se recostam

brisas

Como a vertigem

que segue

as vidas dos

pescadores

de palavras

que ecoam

dos mares

do coração

Como as verdades

que movem

suas jangadas

de vento

De vastos ventos

que tangem

a borda

da imensidão

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Breve enígma


Teu corpo de breves enigmas
seguia pela cidade
a vida tecia luzes
e tremulava a paisagem


Teu corpo de brandos enigmas 
costeava a tez da tarde
sob a cidade em degredo
e a chuva fina dos versos

Noite arada pelos ventos




A noite arada pelos ventos
te afaga com seus elementos
Mas o teu corpo sobre a laje branca
já não tem o ar cansado dos passantes
Em ti ancoram ínfimos
os navios dos teus poemas
pois estás aqui alheio
às multidões de signos

Tens por fim somente
a companhia de teus versos
que nesta madrugada pousam leves
como bichos ariscos
de outros universos

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Casca de tempo

Aqui nesta casca de tempo
com seu nódulo de horas
onde ávidos
buscamos
a polpa escassa
do agora

Aqui nesta casca
do nada
que por hora habitamos
onde ávidos buscamos
o suprimento dos
sonhos


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Os bares onde no amamos

Como um navio banido
saio da orla do azul onde habitamos
Como um navio banido
vagam no horizonte
os nossos olhares apartados
De novo somos os de antes
porem longe das estrelas
dos bares onde nos amamos
e que agora são os ícones mortos
do nosso amor errante
Como um navio banido